Anta da Moita 1 (Mora): a escavação

A Herdade da Moita apresenta actualmente uma paisagem completamente diferente da que existia nos anos 50, do séx. XX, uma vez que toda a várzea se encontra com agricultura intensiva de regadio que varia entre a cultura de tomate, do milho e de plantas forrageiras.


Segundo Irisalva Moita, na altura o monumento encontrava-se perto de um "vale alagadiço, onde se cultiva o arroz" sendo que a paisagem vegetal alternava entre "as azinheiras e os sobreiros" (Moita, 1956: 144). Das "quatro possantes azinheiras" existentes dentro do monumento, resta apenas uma na câmara, entre o esteio de cabeceira e o seguinte, do lado direito.



















Na escavação da anta da Moita 1 foi recolhido um espólio bastante significativo:

Pedra Lascada:
- 97 pontas de seta (de sílex, quartzo e quartzohialino)
- 19 lâminas de sílex
- 1 raspadeira
- 1 lasca de sílex
- 2 núcleos de sílex

Adorno:
- 6 contas de colar

Pedra Polida:
- 49 machados
- 15 enxós

Cerâmica:
- 60 vasos inteiros

Sagrado:
- 3 placas de xisto
- 1 báculo


















A escavação não terá sido fácil devido a uma grande quantidade de pedras que se encontrava no interior da câmara e do corredor o que, segundo esta investigadora terá contribuído para que este não tivesse sido violado, em épocas anteriores. De facto, à excepção de uma pequena violação na câmara, do período romano, toda a restante área se encontrava intacta.



















































A cerâmica encontrava-se essencialmente à entrada da câmara, na última camada, "onde formavam verdadeiros cachos em número de seis e mais, colocados em posições variadas" (Moita, 1956: 174). Apesar de serem maioritariamente lisas existem também vasos mamilados (mamilos à volta do bordo), com decoração incisa e com cordões plásticos.
De realçar, neste monumento, "a existência de grande quantidade de placas de xisto sem o menor indício de trabalho artificial" e o facto da base ter "uma autêntica calçada de burgau" (Moita, 1956: 147).
A escavação do corredor foi ainda dificultada pelas raízes das azinheiras. O espólio desta área apresentava algumas diferenças face à câmara; de facto, enquanto que a grande maioria das cerâmicas vieram da câmara, no corredor estas eram escassas mas, em contrapartida, foi a área onde se encontravam concentrados os machados.























Irisalva Moita, 1956, Subsídios para o estudo do Eneolítico do Alto Alentejo. O Arqueólogo Português. Nova Série. III. p. 135-176.

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